segunda-feira, agosto 27, 2007

Nelson Évora / Portugal país de saltadores










-Portugal é um país de saltadores.

-Já o sabíamos, mas eis que agora tal facto é reconhecido internacionalmente.

-Portugal está cheio de saltos ao longo da sua história. Logo nos primórdios da sua fundação foi tomado de (a)ssalto por D. Afonso Henriques. Depois foi sempre de (a)salto em(a)salto que nos expandimos até ao Algarve. Então, talvez por já terem esse hábito arreigado, os portugueses deram novos saltos: primeiro até Africa e logo depois até à Índia e Brasil.

-Demos o salto para a Republica, saltou-nos o corporativismo em cima e mais tarde saltamos nós fora dele. A cada eleição que passa, os eleitores dão mais um “salto no escuro” e todos nós damos saltos bem altos com o aumento dos combustíveis e das taxas de juro. Saltamos de fúria quando o nosso clube perde, quando nos encerram escolas e centros de saúde ou sempre que nos perdem para apertar mais um pouco o cinto. “Salta-nos a tampa” com a desfaçatez de alguns governantes e (a)ssalta-nos a tristeza de cada vez que pensamos que deveríamos ter dado “o salto” para outro país qualquer onde seríamos (a)ssaltados pelas saudades da “terrinha natal”.

-Temos saltitões, saltaricos, salteadores e saltos altos mas hoje quase me saltou uma lágrima ao ver saltar o Nelson Évora e com ele e por ele saltei de alegria.

-Talvez nos possa servir de exemplo e nos ensine a dar o tão necessário, urgentíssimo e sempre adiado salto para o progresso e para o desenvolvimento.

-Saltemos então!

terça-feira, agosto 21, 2007

O MUNDO ESTÁ PERDIDO






















Postado originalmente: Domingo, Dezembro 11, 2005


"O Mundo está.perdido.
Esta nova geração não é tão capaz como foi a nossa.
A juventude de hoje não tem valores morais nem princípios éticos.
Os jovens são superficiais, apenas buscam o prazer.
Vivemos o primado do egoísmo.
O mundo está perdido."



-Estas frases, são proferidas com algum desespero passivo por quem perdeu o rumo dos dias, ou se perdeu nele. Por quem vê o seu fim a cada passo mais perto e assim expressa a sua própria desgraça, tristeza e amargura. É muito mais a alma do observador/comentador que se ouve do que a constatação dos factos que observa e de que tira as conclusões. São fruto da descrença e das esperanças frustradas; Da cegueira para com a mudança e da incapacidade de abrir os sentidos e o coração à constante e perpétua mudança social a que chamo evolução e aperfeiçoamento.
-Tudo é mutável. Até mesmo os grandes valores se adaptam às consciências novas e estas a eles sem que umas e outros deixem de existir.
-O mais profundo significado que atribuo à expressão “alma velha” é este. É o acto de permanecer de braços caídos, cego, surdo e estúpido perante as mudanças que nos arrastam na corrente dos dias. Esta atitude é aquilo que conduz e reduz a uma argumentação maldizente, simultaneamente símbolo de paragem e de desejo de retrocesso, que nos manteria como seres humanos vivos com sombra de cadáveres.
-Infelizmente não vejo estas atitudes apenas como devaneios de velhos. São bem mais e pior do que apenas isso, traduzem a incultura e estreiteza de pensamento de muita gente e pior do que isso o ambiente geral da sociedade portuguesa actual.
-Li, não me recordo bem onde, a tradução de um documento encontrado durante uma escavação arqueológica, talvez Suméria, mas não posso precisar e que aqui reproduzo de memória
:



-"Os meus filhos não têm valores nem a sua geração.
-O meu pai, o meu avô e os seus avós trabalharam e viveram sempre com a honra que me deixaram e que eu queria para os meus filhos, netos e bisnetos. Mas eles não a desejam. Este mundo tal como o conheço está perdido.
-No entanto, isto ouvi-o eu ao meu pai acerca da minha geração, ele ouviu-o do meu avô acerca da sua e este ao seu pai acerca da dele. Ainda assim existimos melhor do que nos tempos antigos e distantes.
-Talvez o mundo seja assim e eu esteja errado como eles estavam”



-No futuro veremos.


sexta-feira, agosto 17, 2007

Declarações de Amor nos últimos 60 anos


.
.


















1950 “Até ao fim dos tempos!”


1960 “Até que a morte nos separe!”


1970 “Até que o Amor termine!”


1980 “Enquanto a coisa der!”


1990 “Quem sabe, não é?


2000 “Amor? Que é isso?”

quarta-feira, agosto 15, 2007

Esperança























-Será a esperança algo que devemos aplicar diariamente como se fosse um desodorizante que nos livre do suor da descrença e da desesperança; ou como um after-shave/after-desilusão?



-Será que a nossa hormona produtora de esperança ainda é capaz de produzir diáriamente a quatidade necessária dessa substancia, depois que descobrirmos que nem a Fé nem o Amor movem montanhas e que o TNT é um exagero?

-

Hope


Hope is the thing with feathers That perches in the soul, And sings the
tune--without the words, And never stops at all,
And sweetest in the gale is
heard; And sore must be the storm That could abash the little bird That kept so
many warm.
I've heard it in the chillest land, And on the strangest sea;
Yet, never, in extremity, It asked a crumb of me

domingo, agosto 12, 2007

Palavras


















Apenas duas frases que li algures e a que achei graça.








Ton thé t'a-t-il tout t'ôté ta toux?

Every Follow up of an insight must have a feed back up grade, that's when you do rewind for a break trough.

terça-feira, agosto 07, 2007

Diálogos IN-Provaveis























Caso I



-Diálogo IN-PROVAVEL entre dois amigos sendo um deles médico e amigo do outro.

-A acção passa-se no consultório do médico.



-Então, como estás? Vieste de visita ou para uma consulta?


-Nem uma coisa nem outra. Vim para que me declares doido!


-Como?


-Ouviste muito bem! D-O-I-D-O!


-Mas… tu estás maluco ou quê?


-Também pode ser, mas pessoalmente prefiro o termo “doido”. É mais… sonante, mais vulgar, mais reconhecível.


-Mas a que propósito te veio isso à cabeça?


-Precisamente por achar que estou doido e que mereço ser considerado como tal.


-Isso não funciona assim. São precisos exames específicos, análises comportamentais relatórios detalhados, um processo complicado e além disso tu não estás doido!


-E como é que tu sabes que não estou?


-Simples: Uma pessoa fora do seu juízo não admite estar doido, bem antes pelo contrário. Excepto talvez…


-Excepto talvez no caso de estar mesmo muito, muito doido. Como é o caso.


-Ora…, eu conheço-te bem!


-Aí está! Quantas vezes não disseste já, que eu sou meio maluco?

-Aliás todos os meus amigos o dizem de vezes em quando.

-Ora, uma cambada de malucos é o que eles são, aliás, somos.


-Pois, vocês são malucos e eu sou doido!


-Como já te disse, quem não está de posse de todas as suas capacidades mentais ou sofre de uma alteração do seu método habitual de pensar, agir e sentir não admite que se encontra nessa situação e necessita de tratamento.


-Ou seja: se estiver doido, sentir que estou doido, se tiver a certeza de que estou doido e disser que estou doido, sou considerado são. Se estiver são e alguém me considerar doido, sou doido e tratam-me, ainda que contra a minha vontade.

-Não achas que isso é coisa de doidos?

-Mas é assim que as coisas são e é assim que funcionam. Além de que tu não estás doido!


-Achas que não?

-Então que raio levaria um pessoa sã a pedir a um anestesiologista que o declarasse doido em vez de o fazer a um psiquiatra?


Caso II



Diálogo IN-PROVAVEL que poderia ocorrer ao telefone.



-Olá. Como estás?


-Que te interessa isso?


-Gostava de saber que estás bem.


-Depois de meses sem quereres saber nada de mim, sem me ligares o que te pode isso interessar?


-Mas… foste tu que me disseste que não me telefonarias mais e que te não telefonasse.


-Que é que isso tem a ver? Tu é que nunca mais ligaste ou quiseste saber de mim.

(Textos visados e aprovados superiormente)


domingo, agosto 05, 2007

Como ?













-É apenas a terceira vez que aqui coloco textos não originais e a segunda que o faço com textos do MEC.
-Ele sabe do que fala embora não esteja de acordo , sempre, com ele. Neste caso também, quanto á conclusão de que tudo passa, não estou.

«Como é que se esquece alguém que se ama?
Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que faz para ficar?
Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer, os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz?
Como se esquece?
Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas!
É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou de coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo.
Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doida, devidamente honrada. É uma dor que é preciso, primeiro, aceitar.É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos moí mesmo e que nos da cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si, isto é, se os livrrássemos da carga que lhe damos, aceitando o que não tem solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos distrairmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos, amigos, livros e copos, pagam-se depois em conduídas lembranças a dobrar.
Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. Porque é que é sempre nos momentos em que estamos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais falta das pessoas que amamos? O cansaço faz-nos precisar delas. Quando estamos assim, mais ninguém consegue tomar conta de nós. O cansaço é uma coisa que só o amor compreende. A minha mãe. O meu amor. E a felicidade. A felicidades faz-nos sentir pena e culpa de não a podermos participar. É por estarmos de uma forma ou de outra sozinhos que a saudade é maior.
Mas o mais difícil de aceitar é que há lembranças e amores que necessitam de afastamento para poderem continuar. Afonso Lopes Vieira dizia que Portugal estava tão mal que era preciso exilar-se para poder continuar a Pátria dele. Deixar de vê-la para ter vontade de a ver. Às vezes, a presença do objecto amado provoça a interrupção do amor. É a complicação, o curto-circuito, o entaralamento, a contradição que está ali presente, ali, na cara do coração, impedindo-o de continuar.
As pessoas nunca deveriam morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam e separam-se e esquecem-se. Custa a aceitar que os mais velhos, que nos deram vida, tenham de dar a vida para poderem continuar vivos dentro de nós. Mas é preciso aceitar, é preciso sofrer, dar urros, murros na mesa, não perceber.
E aceitar. Se as pessoas amadas fossem imortais perderíamos o coração. Perderíamos a religiosidade, a paciência, a humanidade até.
Há uma presença interior, uma continuação em nós de quem desapareceu, que se ressente do confronto com a presença exterior. É por isso que nunca se deve voltar a um sítio onde se tenha sido feliz. Todas as cidades se tornam realmente feias, fisicamente piores, à medida que se enraízam e alindam na memória que guardamos delas no coração.
Regressar é fazer mal ao que se guardou.
Uma saudade cuida-se. Nos casos mais tristes separa-se da pessoa que a causou. Continuar com ela, ou apenas vê-la pode destruir a beleza do sentimento, as pessoas que se amam mas não se dão bem só conseguem amar-se bem quando não se dão.
Mas como esquecer? como deixar acabar aquela dor? É preciso paciência. É preciso sofrer.
É preciso aguentar.Há grandeza no sofrimento. Sofrer é respeitar o tamanho que teve um amor. No meio de remoinho de erros que nos resolve as entranhas de raiva, do ressentimento, do rancor - temos de encontrar a raiz daquela paixão, a razão original daquele amor.
As pessoas morrem, magoam-se, separam-se, abandonam-se, fazem os maiores disparates com a maior das facilidades. Para esquece-las, é preciso chora-las primeiro. Esta é uma verdade tão antiga que espanta reparar como ainda temos esperanças de contorná-la. Nos uivos da mulheres nas praias da Nazaré não há "histerias" nem "ignorância" nem "fingimentos". Há a verdade que nós, os modernos, os tranquilizados, os cools, os cobardes, os armados em livres e independentes, os tanto-me fazes, os anestesiados temos medo de enfrentar.
Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas nas Caraíbas, livros de poesia - só há lembrança, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar o fôlego.
Esta dor tem de ser aguentada e bem sofrida com paciência e fortaleza. Ir a correr para debaixo das saias de quem for é uma reacção natural, mas não serve de nada e faz pouco de nós próprios. A mágoa é um estado normal. Tem o seu tempo e o seu estilo. Tem até uma estranha beleza. Nós somo feitos para aguentar com ela.
Podemos arranjar as maneiras que quisermos de odiar quem amámos de nos vingarmos delas, de nos pormos a milhas, de lhe pormos os cornos, de lhe compormos redondilhas, mas tudo isso não tem mal. Nem faz bem nenhum. Tudo isto conta como lembrança, tudo isso conta como uma saudade contrariada, enraivecida, embaraçada por ter sido apanhada na via pública, como um bicho preto e feio, um parasita de coração, uma peste inexterminável, uma barata esperneante: uma saudade de pernas para o ar.
O que é preciso é igualar a intensidade do amor a quem se ama e a quem se perdeu. Para esquecer, é preciso dar algo em troca. Os grandes esquecimentos saem sempre caros. É preciso dar tempo, dar dor, dar com a cabeça na parede, dar sangue, dar um pedacinho de carne.
E mesmo assim, mesmo magoando, mesmo sofrendo, mesmo conseguindo guardar na alma o que os braços já não conseguem agarrar, mesmo esperando, mesmo aguentando como um homem, mesmo passando os dias vestida de preto, aos soluços, dobrada sobre a areia da nazaré, mesmo com muita paciência e muita má vontade, mesmo assim é possível que não se consiga esquecer nem um bocadinho.
Quanto mais fácil amar e lembrar alguém - uma mãe, um filho, um grande amor - mais fácil deixar de amá-lo e esquecê-lo. Raio de sorte, ó lindeza, miséria suprema do amor. Pode esquecer-se quem nos vem à lembrança, aqueles de quem nos lembramos de vez em quando, com dor ou alegria, tanto faz, com tempo e com paciência, aqueles que amámos com paciência, aqueles que amámos sinceramente que partiram, que nos deixaram, vazios de mãos e cheios de saudades, esses doem-se e depois esquecem-se mais ou menos bem.
E quando alguém está sempre presente? Quando é tarde? Quando já não se aguenta mais. Quando já é tarde para voltar atrás, percebe-se que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar. Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar!
Aí, está o sofrimento maior de todos. O luto verdadeiro. Aí está a maior das felicidades»

Miguel Esteves Cardoso - como esquecer in Último Volume, Assírio & Alvim, 1996

sexta-feira, agosto 03, 2007

Dalila Rodrigues / Museu Nacional de Arte Antiga


























-Dalila Rodrigues foi directora do Museu Grão Vasco, de Março de 2001 a Novembro de 2004, e Professora Coordenadora do Instituto Superior Politécnico de Viseu. Doutorada em História de Arte pela Universidade de Coimbra e investigadora especializada em História de Pintura Portuguesa. Tem desenvolvido uma longa actividade docente e participado em diversos projectos de investigação, alguns deles nos EUA, com o apoio da Comissão Luso-Americana e na Índia, com o apoio da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
-É uma das mais reputadas especialistas de pintura.
-A sua acção enquanto directora do Museu Nacional de Arte Antiga foi marcante, tendo sido conferida ao museu uma nova orientação e um rumo inovador e dinâmico.





-É marcadamente triste ver que alguém excelente na sua actividade é afastado com base na manifestação frontal e honesta das suas convicções e nem sequer se trata aqui de convicções políticas ou ideológicas.

-Temos um governo que, no mínimo, demonstra enorme dificuldade em lidar com a crítica, ainda que construtiva e séria. Temos uma ministra que se pauta pela inércia e pelo apagamento numa área específica em que tanto há para ser feito.
-Sonho com um dia em que termine a “dança de cadeiras” sempre que existe alteração de partido governamental. Sonho com o reconhecimento do mérito e com o fim da mediocridade com poder de decisão politica.
- O Museu Nacional de Arte Antiga fica mais pobre, a Cultura Portuguesa sai a perder bem como o país. O museu que também é conhecido como "das janelas verdes" talvez possa mudar agora de nome e passar a chamar-se "museu das janelas rosa".

quarta-feira, agosto 01, 2007

António Costa / Sá Fernandes-Câmara Municipal de Lisboa ou o Saco de Gatos





























-Ouvi a tomada de posse do novo executivo da Câmara Municipal de Lisboa.
-Não que me interesse de sobremaneira o destino daqueles que nele votaram ou o dos que deixaram que outros decidissem por si. Mas enfim, trata-se de Lisboa que é a capital do país, macrocéfala mas capital, macrocéfala mas uma belíssima cidade.
-Quanto aos discursos nada de novo. As saudações do costume, os avisos por parte da Assembleia Municipal, a declaração de boas intenções por parte do presidente empossado. Nada de novo, nada inesperado. No entanto, não pude deixar de sorrir ao ouvir da boca de António Costa, saudações efusivas e enaltecedoras ao executivo cessante. Não parecia o mesmo Costa da campanha eleitoral mas depois voltou a si e lá foi prometendo trabalho e mais trabalho, medidas e mais medidas. Aí sim, pensei eu com o meu fecho eclair, este é o António Costa do costume; O “velho” Costa que ao lado, à frente e a trás de J. Sócrates, prometeu na campanha para as legislativas, O “habitual” Costa que prometeu enquanto ministro e que viu arder o país e não hesitou em se por ao fresco antes que outra vaga de fogos que o chamuscasse.

-Não há dúvida de que o homem promete, promete, promete…



-Surpresa, que nem o chega a ser aliás, foi o entendimento e consequente atribuição do pelouro do ambiente a José (Zé) Sá Fernandes. O homem é decididamente um ponto, mas não dá ponto sem nó. Ele, que tantos engulhos engendrou, que tantas vezes levantou o indicador ufano, oportunista e suado para disparar acusações que se provaram erradas e falsas; Ele ainda que ficou conhecido como o “Providencia cautelar man”, aparece agora dentro do executivo emplourado no ambiente camarário lisboeta.

-Confesso que já vi rolhas de maior tamanho e maior escândalo, mas esta serve à medida da boca de J. S. Fernandes na perfeição e se o fizer calar-se, ainda que temporariamente, felicito o novo Edil lisboeta. Felicito-o mas não lhe prevejo nem competência desinteressada, nem um bom AMBIENTE nesse saco de gatos que a sua hipocrisia e a do seu e de outros partidos acabaram por gerar na autarquia.
-Lisboetas, tenho receio por vós!

-Mas que o homem promete, lá isso promete. Ainda e sempre!